quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Fluidez e Qualidade

Engraçado,
eu tava lendo um livro do Bergson que fala que o nosso cérebro, como já sabemos, percebe o tempo e o movimento em flashes sequenciais.

                                                                       Imagem: Raquel Uendi

O tempo, para nós, são vários momentos sobrepostos. Mas ele disse que isso está em desacordo com a realidade. Que o momento é uma parada virtual do tempo.. O tempo, na verdade, não pode ser sobreposto assim, ele é fluido. Isso é muito legal e ajuda muito na nossa busca por qualidade.
Outro livro que eu li (O Artífice, que significa artesão - aloca), mostra como o planejar algo pode empobrecer o resultado; que as peças feitas nelas mesmas, parte por parte (seria como uma criação na moulage) trás resultados mais coerentes e incríveis. O planejamento seria pensarmos só nos momentos, em técnicas já dadas, o que tira a fluidez do processo. Tudo pode acontecer.

Tudo é possível, pois nada está dado; o objetivo (plano) é uma ilusão. Temos que fazer as coisas do modo que elas devem ser feitas na hora, no local, acontecendo, fluindo. A pré-determinação é uma bobagem, frustrante e triste. “E se?”? Existe. Precauções e intuições. Partem do que está fluindo. Percepções íntimas do movimento que permitem o manejo. Ginga. Dança. Saltos e obstáculos. O mundo não é, ele vive. Pulsa e despulsa ao mesmo tempo num “jorro eterno de novidade”.

Não adianta tentar prever, o negócio é viver mesmo.


O que isso tem a ver com a construção de roupas? Sei lá, talvez ajude a gente a se preocupar menos com o padrão que já existe. Descobrir meios e soluções que sejam adequados àquela peça sim si.
E na criação, a troca do rearranjo do preexistente pela novidade radical.



Chique.

Um comentário:

Bia Goulart disse...

pensamento é um tipo de roupa
vc está fazendo roupas lindas!